A vida passa, os homens mudam, mas a obra fica

2014/12/09

Este fim-de-semana é de particular importância para O Mágico, para além de estarmos a inaugurar oficialmente o nosso centro social; assinalamos, também, os 20 anos desta instituição.

Um grande motivo de orgulho para todos nós.

Por isso, colocar em palavras o trabalho, o empenho e a dedicação plena de 20 anos não é, para mim, tarefa fácil. São 20 anos da instituição, sempre em prol do bem comum.

É salutar ver, também, que ao longo destes 20 anos, formámos Pessoas (pedagogicamente e civicamente). Crianças que frequentaram o primeiro ATL estão hoje integradas no mercado de trabalho. E, algumas delas, fazem já parte dos nossos Corpos Sociais e do nosso quadro de pessoal. Estas crianças (hoje adultos) são a prova viva da importância que a instituição teve (e tem) na comunidade.

Mas, sem dúvida que os últimos cinco anos, foram particularmente difíceis e dos mais exigentes da instituição, desde o lançamento da primeira pedra, até à abertura do nosso centro social. Estes cinco anos foram pautados por duras batalhas, muitos dias de incertezas, de angústias. Muitos dias em que tive de sacrificar a família, para poder concretizar os nossos objectivos e para podermos estar todos aqui hoje.

As nossas dificuldades começaram logo após a candidatura ao financiamento, pois devido a várias alterações aos projectos, que nos foram impostas, nomeadamente o AVAC e o projecto de Segurança, a nossa candidatura ficou com uma estimativa muito baixa, e foi esse o valor que serviu de base à comparticipação pública, tornando o Mágico na obra do PARES II, com a percentagem de comparticipação mais reduzida, o que nos obrigou a recorrer a empréstimos bancários suplementares e a empréstimos particulares para poder honrar os nossos compromissos. A uma comparticipação já, por si, baixa, tivemos de suportar atrasos insustentáveis nos pagamentos do Estado, e nos reembolsos do IVA. Inclusivamente ainda estamos à espera do pagamento de facturas com 2 anos.

Como se não bastasse, a conjuntura económica adversa para as empresas e famílias, reduziu os nossos donativos em relação ao que estava inicialmente previsto. Mas, apesar das dificuldades, somos muitíssimo gratos a todos os amigos, sócios, empresas, mecenas e técnicos que sempre nos acompanharam e que sempre nos ajudaram, tanto ao nível financeiro, como ao nível do incentivo pessoal, dando uma palavra amiga, ajudando-nos a desbravar caminhos. Somos também gratos aos Técnicos da CMA e do CRSS, pois tiveram sempre uma porta aberta para nos receber. Embora, nós queremos sempre mais. E pensamos que O Mágico merece muito mais, pela nossa dimensão e importância.

Não obstante todos os obstáculos que nos foram colocados, nunca nos desviámos dos nossos princípios, e sempre acreditámos que esta obra seria uma realidade. Mas as coisas não acontecem por magia… É preciso muito sacrifício e abnegação. É por isso, que esta obra é também uma obra de muita coragem e de persistência.

O nosso centro social veio dinamizar de forma inequívoca o meio, quer através da criação de novas valências (Creche, Centro de Dia, Lar e Apoio Domiciliário), que vieram dar as respostas sociais adequadas ao meio e às zonas limítrofes; quer através da criação de postos de trabalho.

Estas novas valências têm neste momento uma taxa de ocupação próxima dos 100%.

Mas, é preciso lembrar que não nos podemos acomodar, temos de nos adaptar às novas realidades sociais e económicas.

Um projecto social nunca está concluído, é uma busca contínua para melhorar. Há que rentabilizar os espaços comuns que temos, nomeadamente a cozinha e a lavandaria. Há que dar mais respostas na valência Lar, nomeadamente, aumentando o número de camas, por exemplo.

Estamos certos que a qualidade de serviço que prestamos aos nossos utentes, crianças e idosos, é uma das chaves do nosso sucesso e está à vista de todos. E esta tem sido a nossa grande estratégia, prestar um serviço de proximidade e de qualidade, num ambiente que se quer familiar, com carinho, com amor, com conforto, com espírito de entreajuda. Por vezes, é mais importante um gesto de carinho do que um medicamento.

Só assim, estaremos a construir as bases de um futuro Melhor, mais Solidário, mais Humano.

Sinto que o meu dever foi cumprido. E, por muito, que exista alguém que, mesmo assim, desvalorize a dedicação destes 20 anos, ao serviço da comunidade, ninguém pode jamais negar a obra que aqui foi erguida.

A vida passa, os homens mudam, mas a obra fica.

Sempre acreditámos e continuamos a acreditar que esta OBRA É DE TODOS E PARA TODOS!

Muito obrigada!